segunda-feira, 9 de novembro de 2009

LÂMPADAS COLORIDAS - PARTE I

Lâmpadas coloridas
Intolerância, Ignorância e Diferenças
Texto de Rosane Santiago Cordeiro*

“Devemos respeitar todas as religiões e amar a todas as pessoas, sejam pretas, amarelas, vermelhas, brancas, marrons... A eletricidade flui dentro de uma lâmpada vermelha, verde, amarela ou azul; alguém diria que a eletricidade é diferente dentro de cada uma? Não. De modo similar o Divino brilha do mesmo modo dentro de todas as lâmpadas humanas na forma de alma imortal. A cor da pele não faz e nunca fez diferença...
Paramahansa Yogananda
Guru Indiano que viveu no ocidente (palestra de 1937).

Parte I
Intolerância - a mais terrível doença que o ser humano pôde criar e que em pleno século XXI insiste em existir. Quando pensávamos que poderíamos esquecer os desastres racistas que aconteceram em tempos passados, estes ressuscitam ainda mais desequilibrados.Ingênuo pensarmos que ao terminar uma guerra, os sentimentos de ódio de milhares desaparecem e que a conseqüência é a paz... É tudo muito mais complexo.

Este texto trata de personagens pouco conhecidos, agentes da história mundial que tornaram-se invisíveis para sobreviver, atores de uma peça teatral que não acaba e os faz sujeitos de julgamentos cada vez mais rígidos. Gente bonita, talentosa, repleta de idiossincrasias, odiada,
amada, perseguida, singular... Com critérios de vida ligados a tradições milenares e talvez obsoletas. Estas mesmas que os fizeram, apesar de tão heterogêneos, um só povo – o cigano!

Milão, novembro de 2007.
Olhos nervosos me seguem, mas não é um ou outro olho, são todos os olhos, de toda gente que caminha por esta cidade cinza. Sou brasileira e viajei da Espanha, mais precisamente da Andaluzia, direto para Itália. Sevilha, e seus arredores, nesta época do ano parecem ser a única parte quente da Europa, não sei se por estar tão próxima da África ou porque as pessoas passam esse calor na profundidade das relações.

Cheguei à Estação de metrô de Milão onde fui encontrar um amigo brasileiro que vive ali há mais de quinze anos. Saímos de uma estação de uma cor e entramos em um trem de cor diferente, mudamos de linha. Durante este trajeto me sentia incomodada em como as pessoas me olhavam insistentemente. Que acontece? Perguntei a meu amigo. Estou borrada? Todos me olham de cima embaixo. “Não. Estás bonita, é isso”. Não, não é isso. Sei quando me olham por eu estar bonita, mas aqui homens, mulheres, meninos, me olham fixamente... Num sorriso constrangido meu amigo me disse: não me levas a mal se eu te disser uma coisa?
Parecia querer dizer algo muito sério, pior do que tudo que eu havia imaginado, ofensivo... Minha cabeça viajava nas possibilidades de estar fazendo algo que não era compatível com aquele povo, queria me inteirar, para, quem sabe, adaptar meu comportamento ao deles.
Mas eu estava normal, me pareço com eles, na Espanha sempre que pedia informações me perguntavam de que lugar da Itália eu vinha... Tampouco era a roupa, vi pelo reflexo do vidro do trem o casaco grande, negro como meus cabelos, a pele amarelada pela falta de sol em minha morenice agora quase européia e os olhos castanhos, tristes e temerosos, mais do que normalmente o são...
Longe, sozinha, num país estrangeiro e frio, muito frio. Gelo máximo quando ouvia e não compreendia o que meu amigo se esforçava por me falar “não fique chateada com o que te vou dizer, por favor, mas você está uma cigana perfeita”.

Em um primeiro momento não entendi o porquê eu deveria ficar chateada, mas meu amigo completou: não se ofenda, pareces uma cigana, mas uma cigana de nível. Cada vez que se justificava mais me assustava. De mim: silêncio profundo. Coincidência, pois meu plano de viagem era seguir dali de volta a Andaluzia, a fim de estar com amigos queridos que, não por um acaso, alguns eram ciganos.

Meu amigo loiro e gay, ostenta em seu histórico de vida lutas e discursos em prol de liberdades e minorias, mas suas opiniões com relação aos ciganos deixavam-me dúvidas sobre até onde vão os discursos “não preconceituosos”... Assustava-me ele acreditar que eu me ofenderia em parecer fazer parte de uma etnia que não era a minha. Iniciou-se então uma mudança séria em mim, um pesadelo interno, tive medo, já me escondia. Camuflava, quase sem pensar, meu cabelo longo para dentro do capote e fingia que era pelo frio. E era frio na alma. Comecei a falar quase em slow motion, era assim que me sentia - um pouco retardada, não tinha velocidade para encarar aquela cena.

Disse-lhe então que em cinco dias voltaria a Sevilha para estar em um lugar onde viveria diretamente com a realidade cigana da Espanha – aquela que, mais tarde eu descobriria, é dotada de um preconceito quase brasileiro, daquele negado, mas que existe e é forte. Enquanto eu falava, meu interlocutor me encarava como se eu fosse louca. Talvez começasse a ficar. Sentimentos estranhos me tomavam. Silêncio... Silêncio entrecortado por um olhar anônimo de outro alguém que insistia em me olhar com desdém.

O olhar é uma coisa muito importante para mim, uma vez me disseram que sou uma pessoa que quando encaro um canalha, que nunca se percebeu canalha, com meu olhar ele tem certeza absoluta de que o é. E dos olhares que recebi na vida, estes de Milão foram os piores.

Ainda não havia processado com profundidade o que meu amigo me dizia, mas sentia muito forte o sentimento de humilhação ao ser rejeitada, uma mistura de nojo por quem o recusa. Séria era a antipatia pelos milaneses que tomava conta de mim, junto vinha um sentimento de negação do que acontecia e um desprezo pelas atitudes daqueles, que me levava a pensar, erroneamente, na humanidade como um único povo - preconceituoso e xenófobo.

Mas o que é a xenofobia senão o medo ou pavor do diferente? Pensava de maneira ingênua que ninguém tinha o direito de julgar e coagir outro por sua aparência ou cor, tinha raiva e julgava. Mas para mim eles não eram diferentes, por isso o que me dominava ali não era xenofobia, era medo.

Em meu país existe muito preconceito racial, mas ao mesmo tempo temos uma assimilação do diferente que nos parece, se comparado a outros lugares, inacreditável. A frase você está uma cigana perfeita - dita pelo mesmo amigo, mas no Brasil - se transformaria em elogio, não seria
nada ruim, mas dito na Itália, precisamente em Milão eu, no mínimo, sentia minha vida em perigo. Pequena diante do que não conhecia, apesar de grande diante do que rejeitava. Enorme por saber da possibilidade de poder ser o que sou - o que sempre fui.

Chego só a estação final, pois meu amigo seguira por outra linha de trem, outra cor, outras cores, num arco-íris humano a ser repensado. Tinha que esperar na estação vermelha alguém vir me receber. Distraída pensava no que estava me acontecendo quando um trem passou e fez vento em meu rosto, voltando minha atenção para uma cigana Romá que, vestida de marrom olhava- me insistentemente. Estava prestes a falar comigo quando a amiga que eu esperava chegou. Viu a cena. Puxou-me pelo braço: “Cuidado, cuidado, essas pessoas são perigosas”. Mal sabia ela...

Em conseqüência disso tudo, no mesmo dia cortei meu cabelo até os ombros, crescia em mim algo como solidariedade, identificação e raiva. Uma raiva quase flamenca, quase zíngara, quase cigana. Talvez por isso o Flamenco represente tão bem a eles em todo mundo, nesta música existe medo, paixão, amor, raiva, melancolia, mágoa, rompantes de alegria em uma tristeza sem fim, duende. Olé!

Segui então para Florença a fim de rever uma tia que vive ali, fui passar a noite com minha tia mineira e mulata para na manhã seguinte voltar à realidade cinza de Milão. Os trilhos de trem levavam-me à cidade onde está uma das obras mais perfeitas de Michelangelo, o Davi – gente de pedra perfeita, cercada por nós, carnes em almas imperfeitas.

Fiz esta viagem em um quase frenesi mental, rumava a um destino que ainda ia me ensinar muito. A cabeça girava em planos novos para meu próximo documentário. A filha de minha tia é uma mulher alta, simpática e trabalhadeira e com certeza nos quase vinte anos que vive na Itália já passou por muitos preconceitos, principalmente por conta de sua aparência física, mulata, bonita e brasileira... Em nosso encontro, falei-lhe da idéia, cada vez mais forte, de fazer um filme sobre ciganos. E lhe perguntei como era a vida destes em Florença. A resposta foi rápida e rasteira: “Rosane não se meta com essa gente, aqui se colocarem todos eles em uma praça e botarem fogo o resto da população fingirá que não viu”.

Não viu. Duas palavras que faziam eco em minha cabeça. Não vêem. E isso independe de credo religioso, opção sexual, classe social ou cor da pele. O preconceito existe e cega. Em outras épocas olhos verdes, azuis, negros ou castanhos como os meus, humanos e desumanos, não viram os quantos milhares de ciganos foram executados na Alemanha nazista e fingem, ainda, como diz minha prima, que não vêem.

Talvez alguma coisa mude. Tive contato com alguns e percebo que nos últimos tempos muitos ciganos talentosíssimos têm aberto os olhos da sociedade para o embasamento saudável que existe nesta cultura - músicos, atores, bailarinos, médicos, advogados, historiadores, políticos,
enfim gente que com um trabalho digno representa a ciganidade com galhardia.

Neste meio tempo um pesquisador de comunicação me pediu um artigo sobre interculturalidade e eu sugeri escrever sobre os ciganos na Espanha. Infelizmente o foco da pesquisa não abrangia os espanhóis, então me pediram que desenvolvesse o tema direcionado a Alemanha e Itália. Eu poderia ter recusado e dito que não tenho contato ou que o pouco conhecimento que tenho sobre esta etnia/povo/raça está mais no Brasil e na Espanha, mas me fascinou a possibilidade (e responsabilidade) de escrever sobre o holocausto que aconteceu na Alemanha e o que, senti na pele, beira acontecer na Itália. Eu só vi depois de sentir. Proponho, então, que sintamos e vejamos um pouco mais:

Na Revista Tchatchipen, editada pelo Instituto Romanó de Servicios Sociales y Culturales, uma matéria tem como título “Os ciganos e o Holocausto: Uma Reavaliação e Uma Revisão” que nos remete ao ódio nazista e ao suplício cigano. Este texto escrito pelo professor Yan Hancock, diretor do Programa de Estudos Ciganos e do Centro de Documentação Cigano da Universidade do Texas (EUA) traz uma pesquisa muito bem feita a respeito do ocorrido com os ciganos no período no genocídio Hitlerista.

Hancock cita a conclusão de uma historiadora austríaca, especialista em Holocausto nazista, Erika Thurner sobre o assunto:
“Os judeus e os ciganos se viram afetados de igual forma pelas teorias racistas e pelas medidas adotadas pelos dirigentes nazistas. A perseguição dos dois grupos foi levada a cabo com uma intensidade e crueldade igual dos radicais. O genocídio judeu recebeu mais prioridade na sua
planificação e execução devido ao diferente status social dos judeus e por serem mais numerosos. Ao ser uma população mais reduzida, os Romá e os Sinti significavam um problema secundário para os nazistas.

O mesmo autor nos alarma quando explica a dificuldade de se estabelecer o número de assassinatos de Romás (ciganos) no Holocausto. Cita ainda o pesquisador Bernard Streck que diz que “qualquer intenção de expressar as vítimas do Holocausto em termos numéricos... não podem ser verificadas mediantes listas, ou arquivos dos campos de concentração, a maioria dos ciganos morreu na Europa Ocidental e Oriental, fuzilados pelos pelotões de execução ou por membros de grupos fascistas”.

Uma coisa é certa, conclui o Dr. Streck, muitas mortes não foram registradas pois aconteceram em bosques e campos onde os ciganos estavam. Tampouco existem dados de quanto era a população cigana antes da guerra. Os ciganos ficaram durante anos incluídos nos anais da história com “outras vítimas”. Um milhão e meio de outras vítimas.

Ainda resta muita documentação dos campos de concentração a analisar, Hancock se embasa também nos estudos da doutora Sybil Milton, historiadora do U.S. Holocaust Memorial Research Institute de Washington quando situa o número de vidas ciganas perdidas até o ano de 1945 “entre meio milhão e um milhão e meio de pessoas”. Esta informação foi corroborada em 2001 pela OIM (Organização Internacional para as Migrações), organização encarregada de encontrar e compensar as pessoas sobreviventes do Holocausto Cigano.

Tirando os judeus, a única população dizimada por motivos étnicos e que esteve a mercê de um radicalismo racial intenso foi a de ciganos. Yan Hancock diz ainda do esfacelamento da comunidade cigana no pós-guerra: “No final do conflito os ciganos eram um povo decapitado em busca de alguém que lhes explicasse o que acabava de acontecer. Em troca, foram recebidos por um muro de silêncio e esquecimento das autoridades, nem reparações, nem desculpas, nem filmes ou obras sobre sua dolorida situação, nem uma terra nova para instalarem-se ou defenderem-se”.

O próprio Yan Hancock conta a dificuldade de seguir com seus estudos sobre o tema em questão, pois este levou-o, inclusive, a viver o afastamento de pessoas que lhe eram queridas, pela franqueza excessiva com que tratou o assunto. Creio que cito este autor por identificação. No caminho para realizar a pesquisa tropeço toda hora em dificuldades e venho com isso treinando minha veia diplomática para lidar com gente (cigana ou não-cigana) aqueles que não querem que o assunto seja comentado.

Quando tratamos de família tudo se torna pessoal. A dificuldade de qualquer um em representar ou documentar a população cigana em suas mazelas e alegrias passa pelo crivo dos segredos e missões existentes em qualquer família, imaginem nestas. São como uma igreja: não é proibido entrar, mas só entra pra rezar quem comunga o mesmo Deus. Sabem mais do que ninguém diferenciar os gadjés dos ciganos, os que podem ou não “rezar a oração deles” e estão alertas com relação a isso, pois é o que os faz existir.


Rosane Santiago Cordeiro é jornalista, cineasta e pesquisadora de cultura
popular.Documentarista produz atualmente, dentre outros, o filme LA MIRADA – ciganos no
Brasil e na Espanha.

**sinistra como se entende no Brasil, uma coisa ou atitude sinistra identifica algo escuro, macabro - nada haver com a esquerda compreendida pelos italianos.

LÂMPADAS COLORIDAS PARTE II : PERSEGUIÇÃO RACIAL OU POLÍTICA DE IMIGRAÇÃO?

Parte II:
Hoje coisas sérias começam a se desenvolver com relação a este tema, como o movimento negacionista por exemplo, este assegura que o holocausto não aconteceu. Movimento que deve ser temido , pois contém em suas idéias mensagens tão estúpidas quanto a própria disseminação da ideologia nazista. Houve inquestionavelmente um holocausto gravíssimo em
que um exagerado número de pessoas (judeus, negros, comunistas, eslavos, russos, homossexuais, gente doente, especial e ciganos ) foram supliciadas e assassinadas! Aconteceu, é inegável!

Não falarei aqui de ciganos que têm comportamentos ilegais ou das atitudes destes que possam constranger ou irritar a "sociedade constituída", assim teria que falar dos não-ciganos em número infinitamente maior. Intolerância desumana entre humanos é parte do planeta terra, infelizmente.

O holocausto que aconteceu há menos de 70 anos, as pessoas querem esquecer escondendo ou deturpando a história que ainda nos deve muitas respostas, principalmente com relação ao povo cigano.

Quase cíclicos os holocaustos mudam de roupa, mas continuam existindo. A ignorância humana por sua vez, cresce e decresce. É só lembrar dos índios americanos praticamente devorados pelos Europeus (principalmente os Espanhóis, Ingleses e Portugueses), o próprio holocausto comunista do século XX (que poucos comentam), as ditaduras na América latina nas décadas de 70 e 80, os processos escravocratas existentes desde que se tem registro de historiografia neste mundo - onde homem subjuga ferozmente seu semelhante em proveito material próprio ou até do atual “mal-viver mundial” onde o comércio de drogas e armas financia holocaustos diários no Brasil, Colômbia, Estados Unidos, Iraque, Espanha, África do Sul e quase todos os outros lugares... É a ganância falando mais alto até do que as questões raciais, políticas e de conceitos religiosos ou culturais. Há sempre quem lucre com os holocaustos e infelizmente as pessoas não buscam fazer com que isso mude e nós estamos aí vendo tudo e fingindo não ver.

Uma vez perguntei a um senhor que fora preso político na ditadura de 70 no Brasil se ele passara por tortura. Ele calma e seriamente disse-me que não, que torturado foi quem levou choque, sofreu abuso físico, essas coisas... Ele havia “apenas” sido encarcerado, humilhado e sofrera, junto com sua família, covardias - e que isso sim, ver sua família sofrer quase o matou. Que dor me fez sentir esta frase, mas quando a recordo sinto-me mais próxima e confiante para falar do assunto a que me proponho.

A forma mais contundente de dizimar uma pessoa é destruir seus conceitos mais arraigados. Tentaram fazer isso com os ciganos, mataram , humilharam, fizeram covardias, mas não conseguiram destruir o que os fazem ser quem são, não conseguiram destruir seu senso de família e de cultura. Claramente eles podem dizer aos nazistas – "o trabalho de vocês foi em vão, os "primos" estão aí"!

Alguns deles, no Brasil, me disseram que não querem falar sobre o holocausto com medo de que esta divulgação do ocorrido venha fomentar nas pessoas de mente deturpada novas justificativas para perseguições.

No texto O DOS CIGANOS: “O OUTRO HOLOCAUSTO. O VERDADEIRO ROSTO DO RACISMO NAZISTA" de ROBERT A. GRAHAM encontra-se uma citação do Tribunal Militar Internacional de Nuremberg. Para surpresa geral lê-se: “Os grupos de ataque receberam a ordem de fuzilar aos Ciganos. Não foi dada nenhuma explicação do motivo pelo qual este povo inofensivo, que no transcurso dos séculos tem presenteado ao mundo com música, canto e toda sua riqueza havia de ser perseguido como animal selvagem. Pitorescos em suas roupas e costumes, os Ciganos tem proporcionado distração e diversão à sociedade, e também a irritado com sua indolência. Mas ninguém os condenou como ameaça mortal para a sociedade organizada, ninguém afora o nacional socialismo que, pela boca de Hitler e de Heyndrich, ordenava a eliminação deste povo”.

O documento faz referência aos massacres realizados pelos Einsatzgruppen, destacamentos de grupos homicidas enviados a Polônia e a União Soviética com a missão de levar a cabo uma execução sumária dos comissários políticos, os judeus e outros sujeitos indesejáveis por sua raça como... os ciganos.

Uma questão que o autor aborda e que é bastante curiosa, até mesmo inexplicável é “como podia um grupo que havia sido reconhecido francamente pelos nazistas como de origem indogermânico, ou seja, não semita, ariano, chegar a ser tratado com a mesma força homicida, desde a esterilização até o extermínio cruel, igual que os Judeus?” (deste últimos os nazistas tinham justificativas delineadas pela proposta injustificada de eliminação de raça). Que classe de racismo então provocou tudo isso com os ciganos? Qual era o embasamento real, moral e por obra de quem?

Narra ainda Graham “... antes que estivessem funcionando os campos de extermínio, o Tribunal, a parecer, não sabia nada no que concerne à situação dos Ciganos. O silêncio dos Ciganos persistiu muito tempo depois de que fora possível ao mundo inteirar-se dos segredos de Auschwitz.

Esta é uma grave lacuna na história da Segunda Guerra Mundial. Só no último decênio a literatura se enriqueceu com estudos e recordações pessoais de sobreviventes que decidiram que tinha chegado o momento de falar. Seus relatórios, desafortunadamente, foram publicados em pequenas revistas e boletins de difícil acesso. Fica ainda muito por fazer para que a sorte dos Ciganos no contexto da política racista do nazismo adquira toda claridade a que estes têm direito” .

Hoje! Perseguição ou Política Italiana de Imigração?

É o nome que se dá à política que elegeu Silvio Berlusconi na Itália. E se este discurso o elegeu é porque faz eco nos desejos da população. Vamos lembrar aos italianos: o Brasil é um país que recebeu e recebe muitos imigrantes italianos e por mais que estes tenham sido espoliados durante certo tempo histórico, isso é inegável, nossa nação lhes deu condições e oportunidades de crescimento. A megametrópole São Paulo é o que é, principalmente, pela atuação dos imigrantes do mundo inteiro que aqui recebemos. A língua portuguesa falada pelo paulistano é claramente agraciada por uma entonação que se percebe ao primeiro som:italiana. A cultura destes está arraigada à nossa e somos o que somos pela mistura étnica e cultural existente e permitida aqui.

Política Italiana de Imigração! Política feita pensando em quem? Paliativa, reparadora ou destruidora? Algumas atitudes do passado, infelizmente, já voltam a acontecer hoje – como a atitude do governo italiano de fichar os ciganos em documentos que contenham a impressão digital***. Sabe-se que isso acontece com quem tem dívidas com a polícia... Que direito tem qualquer governo de colocar toda uma cultura, um povo, num mesmo caldeirão e taxá-los de “diferentes”? As ações sociais destes governos para com estes seres humanos são justas diante da realidade cultural deles? Que dêem condições reais e que acrescentem à forma de viver destas pessoas cidadania! Atitude política modificadora!

Por que alijar-los de qualquer processo de melhoria social? Por que a idéia de extirpar-los (novamente) da sociedade? É mais fácil do que pensar realmente nas razões primeiras do problema social que os ciganos e outras “minorias” sofrem e/ou acarretam. Então lhes estigmatizam, com um carimbo bem grande que os denomina, a todos, de marginais.

É mais do que notório que os bandidos mesmo estão nas grandes corporações, nos congressos da maioria dos países, na máfia, na concepção (o nascedouro) da indústria das drogas e de armas. Ladrões estão manipulando o mercado financeiro, levando propina em negociações com dinheiro público, destruindo florestas, fazendo tráfico de órgãos, matando gente em massa por cobiça ao petróleo e outras riquezas naturais.

Mas quem são os alvos das perseguições para “limpeza”? São as pessoas que têm a porta fechada na cara quando procuram emprego, mesmo tendo qualificação para o cargo, que têm que esconder seu passado, que não conseguem se matricular em uma universidade, que têm que aceitar “ajuda” de ONGs aproveitadoras e Governos corruptos para poderem subsistir...

Em quem estes vão se transformar? Quem vão ser? E ainda têm de ouvir que mesmo com "oportunidades”, estes não se adaptam. Mas como adaptar-se a um mundo que é pior que o deles? Como largar para trás as tradições? Como dividi-las com gente que não os respeita? Para quê? Para na primeira crise financeira serem os culpados do roubo, mesmo quando é um não cigano que o tenha cometido? Ver as mentiras serem engendradas pelos bandidos de verdade? Ou ver seus acampamentos e residências completamente queimados e a “coisa” ficar por isso mesmo?

Mesmo com o radicalismo de preservação das tradições, que vejo nos ciganos brasileiros, a cultura deste povo está desaparecendo, ou pelo menos se modificando. A “caça aos imigrantes”, vivida em alguns países, vem de uma crise social imensa, causada por um único fator, a falta de autoridade política dos governantes (autoridade real, não a que a mídia oficial propaga) e de um descrédito imenso das instituições (sistemas financeiros, governos, partidos políticos, Justiça, ONGs…). O problema social que acontece não vai ser solucionado se for contornado, vigiado ou “eliminado”.




*** O governo italiano atual está fichando os ciganos e imigrantes em documentos que contenham suas impressões digitais e foto – em 1922 (E durante a década de 1920): Todos os Ciganos em territórios alemães deveriam ser fotografados e tiradas suas impressões digitais.

Parte III: A ignorância e a política feita pelo e para o poder vai continuar a propagar a xenofobia!

No caso dos ciganos na Europa, os centros de apoio e de ajuda social, eu conheci alguns, parecem se aproveitar de algumas características culturais deste povo para marginalizá-los cada vez mais. Alguns trabalhadores sociais até tentam fazer alguma coisa positiva, mas se vêem limitados pelo “status quo” vigente e pela própria ignorância em relação à população com quem procuram desenvolver atividades sociais e de trabalho. Acabam tornando- se destruidores e são olhados por estas comunidades ciganas como gente completamente fora do contexto, mas que podem dar-lhes alguma coisa que o governo constituído não consegue - quase sempre na forma de esmola.

Vemos também uma indústria de Organizações Não Governamentais que são cabides de emprego e que literalmente dão restos de seus lucros aos ajudados sem olhar de verdade para a realidade destes. No fundo os “benfeitores”, não querem modificar NADA, cultivam sempre aquele olhar de cima para baixo, conservador da desesperança que é o que justifica seus empregos. Prova disso é que as ONGs, em sua grande maioria, não estão onde seus estatutos e filosofias lhes levariam se fossem honestas. O discurso real é: Somos bons. Somos alternativas para o desgoverno, gostamos dos miseráveis, pobre é lindo, ensina a gente, nos faz sentir como somos verdadeiramente... Melhores! Fazem a parte deles.

Que ajuda é essa? Criar banheiros públicos para os ciganos na Espanha? Pagar um soldo para cada filho que eles tenham? Criar programas escolares segregacionistas? As instituições sociais não governamentais tornam-se paliativos efêmeros à fome, à falta de trabalho, de respeito e de justiça. Se estes organismos (que são muitos) trabalham realmente no que se propõe, porque não há uma mudança estrutural e efetiva destes povos? São às vezes 40 ONGs atuando em apenas um bairro marginal, há mais de 20, 30 anos e não modificaram nada!

Infelizmente a ignorância e a política feita pelo e para o poder vai continuar a propagar a xenofobia, os holocaustos, a destruição do meio ambiente e, se me permite ser irônica, o grande malfeitor de tudo isso, a pobreza - o pobre! O recado é para Italiano ouvir, mas também para espanhóis, suíços, estadunidenses, angolanos, brasileiros...

A discussão tem de ser levantada de uma maneira a argüir o que é a União Européia e qual o significado desta? Como o povo em geral pode usufruir das benesses de fazer parte de um continente que se propôs um dia a ser igualitário?

Devemos ser agentes transformadores e ver o que estas minorias culturais podem acrescentar à sociedade em geral. Defendo a qualidade de vida do cidadão das cidades que estão passando por problemas de relacionamentos sociais e culturais e creio que com a crise econômica mundial estes conflitos serão, infelizmente, cada vez mais arraigados no cotidiano europeu, mas a política é feita por nós e não é a repressão que vai transformar a forma de viver de um ou outro, mas a vontade de ser cidadão. Todos querem viver em paz, sem assaltos ou diferenças sociais, no Rio de Janeiro ou em Nápoles, mas só conseguiremos restringir às diferenças começando por nossa própria vida. É o indivíduo que modifica o todo. Só existe roubo, porque alguém compra o produto roubado, só existe traficante, porque existe quem consome a droga, só existe corrupto porque há o corruptor.

Vejo que os “errantes” das ruas históricas européias em muitas vezes não têm mais nada a perder. Dizem que há um mercado comum europeu, mas será que um imigrante Croata, que teve toda família dizimada na guerra entre Sérvios e Croatas, suas irmãs e mulheres violentadas pode ser exigido da mesma maneira que outros cidadãos? Que tem esse ser a perder e o que pode ganhar na situação em que se encontra?

Conversei com um deles, o homem não conseguiu me responder quando perguntei-lhe de sua família, emudeceu, apenas algumas lágrimas caíam de seus olhos castanhos no paletó sujo de mendigo. Este homem não é cigano! Mas em qualquer lugar aonde vá pode ser confundido com um deles, assim como eu também o fui - em Milão. De outra vez que o encontrei , descobri que é do leste Europeu, é poeta, não me reconheceu... Pediu-me dinheiro e foi-se. Esquecera-me ou não queria mais chorar.

Falo deste "mendigo", pois há uma generalização de que qualquer pessoa que erre pelas ruas de países europeus ou é cigano ou marroquino. Ambos tidos como perigosos para o resto da população. Um amigo que vive em Udine, Itália, contou-me de matérias que saem nos jornais de lá com fortíssimo cunho racista, como: “Um homem e dois marroquinos brigavam hoje na rua tal “... Bem, o que são os marroquinos senão homens?

A causa migratória é um problema para a sociedade italiana. Problema agravado com as medidas adotadas pelo primeiro ministro Silvio Berlusconi. A decisão de converter a imigração irregular em crime não é a única medida adotada pelo governo italiano. Com a nova lei, os imigrantes sem documentos que cometerem um delito terão a pena aumentada em um terço; os prefeitos terão mais poder para expulsar os imigrantes que estejam em situação irregular, procedentes ou não de países da União Européia; serão dificultados os processos de reunião familiar, que estarão limitados aos casos de pais e filhos que demonstrem seu parentesco com um exame de DNA****; os imigrantes terão que comprovar moradia, rendimentos suficientes e seguro médico, e se ampliará o prazo máximo de retenção de imigrantes em centros de internação para 18 meses, dentre outras “leis” que não estão sendo pensadas para serem feitas... Se lermos com atenção estas poucas linhas, identificaremos nas ações do Governo Berlusconi mais do que o propósito de atingir ao imigrante, ele atinge sensivelmente e diretamente aos zíngaros (ciganos)! E não dá para esconder isso!

Esta política não é aceita por grande parte da população italiana, mas o primeiro ministro teve muitos votos na última eleição por conta deste discurso de limpeza imigratória, que em outros tempos seria chamada de limpeza étnica (hoje deve ser politicamente incorreto isso). É esta a
política que pode dar resultados e segurança aos italianos?

E o quê falar da Máfia italiana, que especula o comércio imobiliário e instiga claramente a xenofobia? Perdoem-me, mas nunca tive notícias de que as famílias mafiosas fossem ciganas e sim que são verdadeiramente italianas. Todos estes fatores e um governo mais do que corrupto, ocasionam a falência do sistema e faz com que o povo italiano sofra por tudo, mas principalmente, pela própria ignorância. Poderia me alongar aqui nas inteligentes e espúrias negociações de votos do governo italiano, que utiliza de manobra política espúria com imigrantes que vivem fora do país e descendentes de italianos. Manipulação de votos que leva a imprensa a falar de ligações com a máfia e participação de consulados (vide links para jornais que tratam do assunto abaixo*****).

Hoje
**** O governo italiano atual diz que serão dificultados os processos de reunião familiar, que estarão limitados aos casos de pais e filhos que demonstrem seu parentesco com exame de DNA /

Época de Hitler:Em 31 de julho de 1941, Himmler publicou alguns dias depois seus critérios para a evolução biológica e racial - foi determinado que a origem de família de cada ROM havia de ser investigada remontando-se a três gerações passadas.

***** jornais que explicam a situação atual de manipulação política do imigrante fora e dentro da Itália :

http://www.polisblog.it/post/499/breaking-news-presunti-brogli-elettorali-nel-voto-degli-italiani-all%E2%80%99estero-sarebbe-coinvolto-il-senatore-marcello-dell%E2%80%99utri

http://www.repubblica.it/2008/03/sezioni/cronaca/ndrangheta-1/voti-estero/voti-estero.html

http://www.angolaxyami.com/Mundo/Italia/Eleicoes-Camorra-a-desgraca-italiana-em-accao-em-Napoles.html

Parte IV: Roteiro da Intolerância.

Intolerância, Ignorância e Diferença.


Os ciganos que passam por perseguições seculares por sua maneira social singular e rígida em conceitos cheios de segredos poderão ser aceitos como povo diferente? Serão aceitos se continuarem a negar a integração na sociedade existente? Será que um dia, terão visibilidade social e econômica em países como a Itália? Existirá o dia em que vão poder comprar livremente, ter as mesmas possibilidades de trabalho, de estudo, de ir e vir e o mais importante: serão eles, em algum tempo, alvos de atitudes políticas e sociais que não neguem a tradição secular que rege sua cultura e seu modus viventis “atípico”?

É nosso dever falar do que acontece sim! E, mais do que isso, é necessário que a dita sociedade globalizada saiba que a época é muito mais de fraternidade do que de crise (e isto deve ser um movimento mundial) ou o mundo melhora ou acaba a raça humana como um todo . È responsabilidade da sociedade em geral não esquecer o passado "recente" em que a cada dia havia mais e mais necessidade de se desprender energia (política, social e bélica) diante do “diferente e inaceitável”.

Na primeira estação colorida deste texto – a citação de Paramahansa Yogananda : “as cores das lâmpadas são diferentes, mas a energia que passa por elas é igual”leva-nos a pensar em qual é o princípio que rege nossas vidas? De onde vem esta energia? A diferença não existe quando somos Humanos!

Qualquer semelhança com a realidade atual não me parece ser mera coincidência.
Busquemos fazer nossa parte para que a história não se repita...

Registro abaixo o cronograma da perseguição nazista aos ciganos (que traduzi do site http://www.callejondelpau.es/ ):

1920 - Karl Binding y Alfred Hoche, apresenta a noção de vidas indignas da vida, " a Sugestão de que os ciganos fossem esterilizados e eliminados como gente. Esta noção, com o mesmo nome, é incorporada na teoria de raça Nazista em 1933.

1922- E durante toda a década de 1920: Todos os Ciganos em territórios alemães devem ser fotografados e tiradas suas impressões digitais. ***

1926 Em 16 de julho uma lei é estabelecida para o controle “da praga Cigana.” Este tratamento está na violação direta dos termos (condições) da Constituição de Weimar.

1927 - Na Baviera, campos especiais são construídos para encarcerar os ciganos. Oito mil ciganos são processados (pela lei) desta maneira.

1928 - Todos os ciganos são colocados debaixo da vigilância permanente da polícia. O professor Hans Gunther publica um documento no qual diz que "foram os ciganos que introduziram o sangue estrangeiro na Europa".

1930 - Há a recomendação de que todos os Ciganos devam que ser esterilizados.

1933 - Os Nazistas introduzem uma lei para legalizar a esterilização eugenésica. Isto é visto expressamente como documento escrito para controlar "Ciganos e a maior parte dos Alemães de cor negra, " estes descendentes das uniões entre soldados africanos e europeus a partir do período da Guerra de 1914-1918.

1934 - Os ciganos forma selecionados de janeiro e m diante para a esterilização por injeção e
castração, e enviados a campos em Dachau, Dieselstrasse, Sachsenhausen assim como outras partes. Duas leis publicadas neste ano proibiam alemães de casarem-se com "Judeus, Ciganos e Negros" .

1935- Os ciganos são sujeitos a restrição do Direito (da lei) de Nuremberg para a Proteção de Sangue y Honra. Proíbem o casamento com gente branca. A definição de critérios do que é Cigano é exatamente duas vezes tão mais rígida como aqueles definidos em qualquer outro grupo.

1936 - Em junho, o ministério de assuntos interiores para “combater o fastidio cigano” autorizou a polícia de Berlim a realizar perseguições contra estes para que não estragassem a imagem da cidade, organizadora dos jogos olímpicos.

Em julho a polícia arrastou 600 deles e os levou em 130 caravanas a um recém criado campo de internação cigano (Zigeunerlager) estabelecido no subúrbio Marzahn de Berlín. Em 12 de julho, arrastam e enviam os ciganos alemães ao campo de concentração de Dachau. O Sachsenhausen se firma como campo de concentração.

1937: A 16 de julho, acontece a inauguração do campo de concentração Buchenwald.

1938 Entre 12 e 18 de junho, Zigeuneraaufraumungswoche (" a semana de limpeza Cigana "), centenas de Ciganos em todas as partes da Alemanha e Áustria são detidos, golpeados e encarcerados.

Os ciganos primeiro são tidos como o povo a ser proibido de freqüentar a escola. A recomendação de Himmler de que certos Roma devem ser guardados (mantidos) vivos em um lugar específico com o Direito (a lei) para a Proteção de Monumentos Históricos a fim de que antropólogos possam estudá-los, é ridicularizada e nunca posta em prática.

A 13 de maio o governo alemão elabora um decreto que requer o registro de todos os ciganos sem uma direção fixa que vivem na Áustria. Antes de junho de 1938, todas as crianças ciganas com idade abaixo de 14 anos são fichados mediante suas impressões digitais.

Entre 12 e 18 de junho, se desenvolve na Alemanha a semana da limpeza cigana, como o Kristallnacht para os judeus. Em julho, o Endloesung, os planos de solução final, foram concluídos.

Entre as muitas categorias de vitimas nazistas, somente selecionaram ciganos e judeus, com argumentos raciais para a aniquilação. Somente consideravam aos judeus e ciganos “geneticamente corrompidos”. No verão alemão, enviam 1.500 homens ciganos a Dachau e 440 mulheres ciganas a Ravensbrück . Em 8 de dezembro se realiza a primeira referência “a solução final à questão cigana”, em um documento assinado por Himmler.

1939 - O decreto do partido nazista declara que "o objetivo das medidas tomadas pelo estado deve ser a separação racial de uma vez por todas da raça Cigana da nação alemã como prevenção de mistura racial. " O escritório de Higiene Racial publica uma declaração que diz " Todos Ciganos deveria ser tratados como de forma hereditária enferma; a única solução é a eliminação. O objetivo no entanto deveria ser a eliminação da existência deste elemento defeituoso na população. "

1940 - A primeira ação, em massa, genocida sob a ação do Holocausto ocorre em janeiro deste ano, quando 250 crianças Romani são tidos como coelhinhos das Índias para provarem o cristal de gás de cianureto, no campo de concentração em Buchenwald. Proíbem o emprego para qualquer classe de Ciganos neste mesmo ano.

Em 30 de janeiro, em uma conferência em Berlim se toma a decisão de enviar 30.000 ciganos da Alemanha aos territórios da Polônia ocupada.

Em junho de 1940, Hitler pede a liquidação de “todos os judeus, ciganos e funcionários políticos comunistas na União Soviética inteira.”

Em novembro, é aberto um campo cigano com capacidade para 4.000 pessoas em Lackenbach.

1941 Os Ciganos são a primeira população apontada para ter proibido o direito de servir ao exército.

O Holocausto realmente começa. Oitocentos Romá são assassinados em uma ação durante a noite de 24 de dezembro em Crimea. Durante o 31 de julho deste ano, Heydrich, "o Chefe do Reich na Principal Segurança do Escritório e da administração e arquiteto da Solução nazista Final, " põe a maquinaria do Endlosung em operação com sua diretiva ao Einsatzkommandos para " matar a todos os Judeus, Ciganos e pacientes psiquiátricos. "

Em 22 de março de 1941 se proíbe a assistência de ciganos e Afro-Alemães às escolas públicas.

Em 22 de junho o exército alemão invade a União Soviética. Os Einsatzgruppen começam os assassinatos totais de judeus, ciganos e líderes comunistas.

Em 31 de julho, Heydrich, principal arquiteto dos detalhes da solução final, publica suas ordens ao Einsatzkommandos “para matar a todos os judeus, ciganos e retardados mentais” Himmler publicou alguns dias depois seus critérios para a evolução biológica e racial - foi determinado que a origem de família de cada ROM havia de ser investigada remontando-se a três gerações passadas. ****

De cinco a nove de novembro, aproximadamente 5.000 ciganos foram deportados ao gueto de Lodz, onde lhes deram sua própria seção.

Em 16 de dezembro, Himmler publicou a ordem de que todos os ciganos da Europa deveriam ser deportados a Auschwitz-Birkenau para a exterminação.

Entre 29 e 30 de setembro, milhares de ciganos são assassinados em Babi Yar.

Em 24 de dezembro, Lohse deu a ordem adicional de que “aos ciganos se deve dar o mesmo tratamento que aos judeus.”

Dezembro, os Einsatzgruppen matam a 800 ciganos em Simferopol (Crimea).

1942 - Janeiro – Os ciganos sobreviventes do gueto de Lodz são deportados ao campo de morte de Chelmno e mortos.

A 14 de setembro, em uma reunião do partido, o ministro da justiça Otto Thierack anuncia que os “judeus e os ciganos devem incondicionalmente serem exterminados.”

Em 16 de dezembro, Himmler da ordem para que todos os ciganos alemães sejam enviados a Auschwitz.

1943 - Em 29 de janeiro, a RSHA anuncia os regulamentos para a colocação em prática da deportação de ciganos a Auschwitz.

Em fevereiro, finaliza a construção do “Familienzigeunerlager o el Zigeunerfamilienlager” (Campo de família para ciganos) construído em Auschwitz II, seção BIIe.

Em 26 de fevereiro, chega o primeiro carregamento de ciganos ao campo cigano em Auschwitz
(entre 26/2/1943 e 21/07/1944 encarceraram a um total de 20.967 homens, mulheres, e crianças no campo cigano. Não estão incluídos os cerca de 1.700 ciganos de Bialystok, que não foram introduzidos nos expedientes. Suspeitando-se que tinham tifo, foram enviados diretamente às câmaras de gás e exterminados).

Em  29 de março, Himmler ordena que todos os ciganos holandeses fossem enviados a Auschwitz.

1944 - Em 19 de maio, transportou-se 240 gitanos a Auschwitz procedentes de Westerbork Neth.

Em 23 de maio, aproximadamente 1.500 ciganos foram transferidos de Birkenau a Auschwitz, aonde posteriormente foram transferidos a Buchenwald.

Em 25 de maio, enviaram 82 ciganos ao campo de Flossenburg e 144 mulheres ciganas a Ravensbrueck.

Menos de 3.000 personas permaneciam no campo de família.

Nas primeiras horas do dia - 1 de agosto, quatro mil Roma são mortos por gás e incinerados em Auschwitz-Birkenau em uma ação de massas, recordada por sobreviventes.

Entre 2 e 3 de agosto, 2.897 ciganos foram mortos com gás e incinerados en Auschwitz-Birkenau.

1945 - Até o final da guerra, entre 70 % e 80 % do povo Romani havia sido aniquilado por Nazistas. Não chamaram nenhum Roma para apresentar em Nuremberg provas em juizo, e ninguém veio depois fazer alguma declaração em seus nomes. Nenhuma reparação de crimes de guerra foram pagas aos Romá.

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